"Existem Venenos Tão sutis que, para conhecer-lhes as propriedades, temos que nos expor ás doenças que causam."

Oscar Wild.

22 fevereiro 2015

Ensaio sobre tudo nunca soube dizer.

Pelos meus olhos aprendi a sussurrar poesia, abria os dedos pra encontrar afago ao mesmo tempo que fechava os lábios querendo sentir sossego, minha pele gritava uma melodia surda enquanto meus ouvidos seguiam sedentos pelo teu riso entrecortado, minha nuca ainda procura o toque forte da tua mão. Só sei que ouvi palavras e devo ter falado em línguas, criei pés que desaprenderam a pisar no chão para combinar com minhas inseguranças analfabetas, tenho um semblante cansado que desaprendeu a descansar, não sei dizer o que tenho preso em mim sem saber o que significou aquilo que já se desprendeu na imensidão, então sigo assim, assombrada eternamente por palavras, e são tantas frases, letras coloridas que dançam entre a poesia dos meus olhos, fantasmas que me seguem pra onde vou, que existem onde existo, e que eu sigo mesmo sem saber seus significados. Tenho dedos que escrevem sobre ausência, uma falta que não existia até que criou raízes dentro de tudo que não entendo, não sei falar sobre o que foi, minha essência é pessimista dessas que só falam do que dói, não é tua falta, veja bem, não escrevo pra tua existência, escrevo nesse enevoado de palavras desconexas sobre o que causei em ti, escrevo sobre a ausência do que eu sempre quis ser, são palavras sofridas de arrependimento e ao mesmo tempo são palavras vazias jogadas ao vento, nunca te dei segurança pra conquistar a minha, não sei fazer sentido nesse abismo de ramificações transviadas que partem de onde nós paramos, todas levando até lá longe onde eu nunca quis ver, ou talvez até quisesse, mas no fim nunca soube dizer, nunca soube ser outra coisa que não eu, nunca soube andar segurando outro coração, mas me desculpe por meus tropeços é que me sinto errante perto dos meus sentimentos, uma criança aprendendo a andar e a superar a dor da frustração, não sei transmitir quem sou a não ser por palavras, não sei falar sobre tudo isso que não entendo e que por vezes despejo em um espaço em branco esperando que tome minha forma, não soube te dizer o quanto gostei e não sei demonstrar como desgosto do que sobrou agora, que apesar de lindo, dói.