"Existem Venenos Tão sutis que, para conhecer-lhes as propriedades, temos que nos expor ás doenças que causam."

Oscar Wild.

19 fevereiro 2011

Enfim Nada.

Ela finalmente aprendeu o que era dor,aprendeu quanto a palavra chance e as implicações de uma possibilidade eram capazes de a machucar e a sensação de estar desamparada era uma morte decadente e ritmada.


Havia aprendido quanto suas mãos eram capazes de ferir não só terceiros mas também a si mesma, a dor era tanta que não lhe cabia no peito, ela tinha que compartilhar e nessas palavras estão impressas seu sofrimento.

Era como se não houvesse tido nenhuma história, era como se só o nada completasse um certo período de sua vida e no pouco tempo em que foi ela mesma completa por outros pensamentos que não eram de si mesma, era como se nesse singelo período agora não restasse migalha, como se também tivesse este se apagado e enfim se tornado nada.

Isto meus caros amigos era o medo, isto era a dor, isto era enfim nada, isto havia se tornado ela.

08 fevereiro 2011

One more shot of Wiskey.


O copo de wiskey pesava mais do que o normal em sua mão, era sua terceira ou décima dose, não se lembrava exatamente, gostava da sensação de dormência nos lábios inferiores que o wiskey lhe causava, bebia puro e sem gelo apesar do clima quente e abafado do pub, acendia um cigarro vez ou outra para três tragadas depois apagar na placa de 'Proibido Fumar' que havia ao seu lado, esta era sua ultima noite.
O balcão sujo e melado de cerveja derramada grudava em seus braços nus, sentia pequenos farelos de amendoim dormido na extensão do cotovelo ao pulso mas não exatamente se importava com eles, eram apenas pequenos pedaços de universo que estavam lá assim como ela.

Flash.

Já era de manhã, estava deitada em uma almofada de flor conversando aos cochichos ' Eu confio em você, é a minha melhor amiga '. Foi uma das ultimas coisas que escutou.

Lá se vai.

O dono do bar começa a recolher alguns copos, pela primeira vez percebe que esta lá já há algumas horas e que é uma das poucas remanescentes.

Flash.

Era passada hora do almoço, o sol lhe cegava e queimava a pele, o açaí gelado lhe dava uma sensação de paraíso. 'Me chama de idiota?' 'Idiota'.

Lá se vai mais uma.

Uma mão lhe puxou os ombros e uma boca mais embriagada que a sua própria tentou lhe roubar algumas caricias nesse fim de noite.

Flash.

O tempo chuvoso e úmido lhe fazia tossir. 'Me da à mão?' ... 'Acho que não sou mais capaz de andar na rua sem estar de mãos dadas com você' isso veio de uma quase irmã.

Mais uma para o pote.

Ela riu com a idéia de que se estivesse um pouco mais bêbada, não teria recusado a noite que aquele estranho havia lhe oferecido.

Flash.

A noite era quente e a cerveja gelada ' Você não acha que vai valer a pena amar alguém que te ama?' 'Vai'. Alguns meses depois. 'Eu te amo'.

Mais uma.

Um copo a mais não faria mal para ninguém, ela sempre quis se chamar ninguém.

Flash.

Branco.

Esta foi sua ultima.

04 fevereiro 2011

Saudadar.


Saudades não só doi pela falta que faz saudade doi pela dor de não ter, pelo desconhecido do faltar, da desconfiança do ser, saudade doi pela graça de não ver, pela expectativa do encontrar, pela imaginação do fazer.
Saudades é, jamais saudades será, saudades é um plural no singular eterno, um só não sente saudades, mas cada saudade é única, é rara e desigual.
Sou saudades, saudades serei, saudades não sei se fui, se me doi tanto a arte do faltar me pergunto se antes tive no peito a dor do saudadar, dessa saudade até das palavras que antes não havia inventando, já sinto saudades por saber que não serão elas dignas de palavras encantadas pelas múltiplas saudades.
Saudade assim simples, não conjunta formando as 'Saudades' em si, mas a saudade é boa, a saudade valoriza, encanta nos olhos quem sente, saudade faz falta, é bom sentir saudade, sentir o fogo que acende no lugar quando ela se vai, agora saudades é a pior desgraça do mundo, é feita por cada saudade sentida, saudades doi uma dor que muitas vezes se faz forçada a ser alimentada por outros ares que não são os da saudade, saudades às vezes se faz esquecer, saudades às vezes morre, saudades às vezes mata, saudades são coniventes, juntas muitas saudades sufocam, muitas das saudades acabam se tornando lembrança para alguns e dor para outros.
Não sei se sinto saudade.
Não sei se não sinto saudades.
Sei que sou um oco esperando os dias para ser preenchido.