"Existem Venenos Tão sutis que, para conhecer-lhes as propriedades, temos que nos expor ás doenças que causam."

Oscar Wild.

12 março 2014

Precipi(cio)tado.

E então começa de novo, são novos ares, novas pessoas, mais um começo, nem sei dizer quantos começos já tive sem conseguir começar absolutamente nada e que estranheza é essa que vem quando as palavras resolvem não sair, quando resolvem não começar. As vezes acho fazem isso por bem pois não é bom escrever sobre começos assim logo quando eles surgem, não é bom materializar um começo que nem começou direito.
Definitivamente minhas palavras são mais sensatas do que eu jamais seria capaz de ser, e é por isso que escrevo, enfio o dedo na garganta pra jogar pra fora todas minhas insensatezes contra a vontade de minhas palavras de uma maneira tão inexperiente que ainda não aprendi não ser dona das palavras, ainda não aprendi que elas que na verdade são donas de mim.

Todas as histórias que começam forçadas terminam mal, saem desajeitadas, espalhadas num emaranhado de ideias não construídas, são formadas por palavras que saem à minha imagem, desorganizadas e abafadas escondendo tudo que deveriam de dizer, talvez esse devesse ser um dos tantos textos sobre o amor que já passaram pela ponta de meus dedos e não fluíram, talvez ele seja.

Não aprendi a me render ás palavras do mesmo jeito que não sei distinguir as coisas que sinto, não sei dizer até que ponto tais coisas não vêm disfarçadas de algo maior algo que eventualmente foge apressado deixando um mundo não terminado para trás, não sei até que ponto começos não surgem por carência, e Deus, são tantos começos que não sei nem por onde começar a contá-los; Comecei, por exemplo, tantas vezes esse texto que até agora não fui capaz de começar o que realmente vim dizer, não consegui exprimir a ideia que me trouxe até aqui, todo sentimento que ficou perdido em meio de minhas inseguranças lá onde ficam todas as coisas que minhas palavras teimam em esconder de mim.
Não fui capaz de dizer se vivo num limbo sem saber distinguir o ponto exato onde certas coisas podem mudar ou não, são correspondidas ou não, até que ponto o esboço de algo tão bonito é sequer real, até onde inventamos ou encenamos teatros inteiros sem platéia nenhuma a não ser nós mesmos, onde fica a fronteira da teimosia onde nos enganamos dizendo conhecer tudo que somos, o que pensamos; Somos seres construídos de sabotagens que aplicamos em nós mesmos, construídos de tantas certezas sem ter certeza alguma, planos sem válvula de escape, plantas sem saídas de emergência, tão iludíveis que iludimos a nós mesmos em troca de algo que traga conforto, mesmo que distante, mesmo que seja um conforto trapaceiro; E é nesse conforto que eu termino este texto sem sequer começá-lo.