"Existem Venenos Tão sutis que, para conhecer-lhes as propriedades, temos que nos expor ás doenças que causam."

Oscar Wild.

25 julho 2011

Hey moon, please forget to fall down.




A lua já não era mais amarela, nem a mesma de tantas luas que ela já viu, nunca na mesma grama, as vezes em pisos frios,  vezes em escadas congeladas, vezes em cima de uma maquina de lavar no verão, ou até mesmo em qualquer concreto, mas nunca naquela grama, nunca aquela lua, que não mudava nunca e era sempre diferente.

Os pensamentos iam se desencadeando sozinhos em um frenesi descontrolado e arrebatador enquanto seu corpo permanecia lá inerte ao som da luz da lua, a noite começava a ficar embaçada com a fumaça de sua respiração que vez por outra ficava ofegante, o céu no interior era mais negro raciocinou ela, o pequeno grande corpo deitado sobre o orvalho das estrelas refletidas no frio da grama, ela sequer sabia em que estágio a lua estava, na verdade não se importava em saber, sabia que não estava cheia, sabia que estava linda, sabia que teria problemas se não se cobrisse bem para dormir naquela noite, sabia que não conseguiria dormir direito, sabia que não adiantava saber de nenhuma outra coisa.

Mas também sabia que a lua nunca era a mesma, mas algo que se assemelhava a si mesma, lhe dizia que já havia pensado isso e talvez até dito nesse desencadeamento louco de pensamentos, na duvida de não saber resolveu pensar de novo.

Usava uma jaqueta de couro falso por cima de uma blusa fina de pijama, ironicamente riu por ter trazido um shorts como complemento do pijama, agradeceu a sobriedade por faze-la continuar usando a calça jeans para ir ver o jogo de bêbados no meio da madrugada que a fez deitar para ver a lua, sentia falta de varias coisas, nenhuma delas de grande relevância, sentia falta de insetos, mas resolveu não perguntar a ninguém fora de sua cabeça o porque da ausência deles, ouviu algo que pareceu um grito de gol, mas nem aquilo que fisgou sua concentração por alguns instantes fez a lua se metamorfosear, continuava a mesma, pálida sob um céu negro que não parecia infinito mas que nunca havia lhe dado vislumbres de seu fim, não conseguia mais pensar em nada, o frenesi havia aumentado e muitos pensamentos saíram voando se espalhando e por vezes se enganchando nos galhos mais próximos das arvores ao seu redor, não sabia dizer a lunática explicação pelas lunações mudasticas da lua

"Amor levanta da grama" Fim, não um fim espontâneo, nem mesmo um fim literal, mas foi o fim do frenesi e do arremesso olímpico de pensamentos pelos galhos das araucárias, com o termino de tudo que não envolvia o mundo fora de si mesma, o que ironicamente abrangia todo resto, veio a resposta meio escarrada, meio cuspida ligeiramente tonta pelo breque inesperado no lugar certo, nenhuma grama era igual, mas aquela podia facilmente passar por qualquer outra, nenhum lugar é sempre o mesmo, mas todos os outros poderiam começar a mesma angustia que ela passava quando olhava a lua, todos os outros menos aquele, naquele momento, com aquela lua que era imutável mas que nunca a convenceu que não era trocada a cada vez que seus olhos se punham sobre ela, naquele lugar ela não sentia a falta de tudo que ela nunca teve, não suspirava por tudo que sempre imaginou e nunca aconteceu, não tinha mais em si um vão entre os sentimentos que abrigava tudo aquilo que vinha inconscientemente sempre que ela via a lua, naquele dia o vão não era vão, era rombo, era coração, era tudo e no vão não existia mais melancolia, lá só existia um sorriso dizendo “Deita aqui comigo, eu tô vendo a lua.”



Hey moon, please forget to fall down.

Hey moon, don't you go down.

You are at the top of my lungs.

Drawn to the ones who never yawn.”