"Existem Venenos Tão sutis que, para conhecer-lhes as propriedades, temos que nos expor ás doenças que causam."

Oscar Wild.

30 agosto 2010

Pretérito do infinito futuro.

As seguintes palavras não possuem alvo fixo, ou talvez possuam, e nelas deixo transcrever meu pedaço mais "rose".

Não tenho certeza de onde estas brotam, das ancas, do braço, podem provir até do pulmão, quem sabe? Ou talvez da parte que reluta e nega a afirmação de que tais silabas escaparam-me do coração.
São simples, da simplicidade mais complexa na semente de algo que pode se fazer brotar dentro de si, de mim, de tu talvez? De nós? Não estas estão mais para o infinitivo, perdoe-me digo imperativo, ou somente do improvável?
Falo das viagens que teus dedos fazem em meus mares vinhedos? Envinharados?
Ah que se dane, em meus mares de vinho, que hora se encontram escarlate outras acobreados, ou até em tons dourados dignos das infinitas plantações de trigo.
Tais viagens que igualmente percorrem meus vales nevados, trêmulos, rosados, viagens que permanecem e eventualmente me fazem estremecer dentro de minhas roupas, que cobrem os caminhos por onde dito às placas que lhe guiarão por minhas terras, imperativista de minha parte? Não, vejo mais como uma carência crônica posta no futuro, passado e presente por teus pés em células minhas, nem que enfim eventualmente se migrem a meus neurônios.
Viagens estas que necessito para apagar cicatrizes provocadas pela dona de tais terras e não por outros viajantes assim como ti, cicatrizes que rogam por tuas pisadelas.
Apesar da carência necessitada também de teus caminhos sei que não passamos de viajantes e isto até minhas ancas, donas ou não destas palavras, sabem, viajantes vem e vão, andam e exploram-se mutuamente e ao fim seguem outros caminhos.
Raros são aqueles que fixam moradia pelos caminhos já desvendados, sem a emoção da descoberta que é o motivo de todos os outros partirem em busca de novos brilhos, em outros vales, outros mares.
Temo descobrir eventualmente o eco do silencio que a ausência de teus passos me causará, porém, em desvantagem, mas ainda existente, temo a possibilidade de nosso presente jamais se transformar em pretérito imperfeito, ou quem sabe algum mais do que perfeito.
Assumo meus medos e indecisões no infinitivo, porém não me deixo ser engolida por estes impedindo-me talvez de algum futuro atemporal qualquer.