"Existem Venenos Tão sutis que, para conhecer-lhes as propriedades, temos que nos expor ás doenças que causam."

Oscar Wild.

28 fevereiro 2010

Tsunami

Indiferentemente estável, metodicamente passável, surpreendentemente mutável.









Sinto as ondas ao meu redor, o sal me invade a boca e os olhos. Já não vago por aquela mente, já soa supérfluo dizer como me sinto, sou um tsunami, sou um grão de areia, sou o vento que cria as ondas, já não sou nada.

Sou parte disso.


Das ondas, de meu peso, minha dor.


De tudo do que fujo, mas por mais que eu corra não sou capaz de escapar, pois fujo de mim, fujo de meu próprio tsunami.


Fujo do que já fui e esqueço em quanto sou parte do sal do mar.


Fujo inutilmente de minha carcaça estendida sobre minhas ondas.


Fujo do que não sou capaz de aguentar, de minha humanidade, das cicatrizes que guardo como ouro junto a mim, de minha vaga sanidade, da dor que já não sou capaz de largar.


E isso me invade, me leva e trás, me tira de mim e me devolve as cinzas do que já fui me mostra a verdade , me compreende , sabe do que preciso cada movimento é friamente calculado  para se encaixar perfeitamente em minha alma, para me fazer o céu refletido em nossas águas me fazer sentir teus dedos em volta de minhas pernas, nossas correntezas me jogando como um peso morto em uma imensidão de lagrimas, me matando em cada gota, me fazendo tsunami.


Fazendo-me solidão, devasta e morta, fazendo-me milagre, verdade divina, fazendo-me quem sou humana cativa em seus pensamentos errantes e disléxicos, limitada e viajante nas águas do próprio mar.