"Existem Venenos Tão sutis que, para conhecer-lhes as propriedades, temos que nos expor ás doenças que causam."

Oscar Wild.

04 julho 2010

Sem Titulo.

Ela estendeu os braços e assim abraçou o mundo, com seus gélidos dedos entrelaçou-se a toda vida que recobria o globo que agora repousava sobre sua pele, agarrou cada milímetro que via diante de si, sua pálida pele em uniforme contraste com todo brilho colorido que irradiava da gigantesca bola calmamente aconchegada em si.


E assim agarrada ao mundo ela foi sorvendo-lhe toda magia, sugou-lhe toda vida, furtou-lhe toda cor, era sua agora toda vitalidade e beleza que antes o mundo escondia em seus infindáveis labirintos, em suas veias corriam as águas de seu oceano, em seus olhos se via o brilho de todas suas raridades, em sua pele sentia-se toda suavidade de suas nuvens, em sua alma todo calor de todas as almas que agora á pertenciam, todos os olhos que agora nadavam e viam por trás de sua Iris.

Agora aquela pálida menina tinha em si todas as cores do mundo e o globo acinzentado ainda se mantinha em seus braços e novamente se contrastava com sua pele que brilhava com uma luz que dentro de seu nada continha todas as nuances inventadas por sua própria natureza.

Subitamente a menina que agora era constituída de tudo do que um dia fugiu, feita de todas suas belezas, dona de todos seus medos, se sentiu vazia, e o vazio que antes era acanhado e fraco dentro de seu nada, o vazio que costumava se esconder nas esquinas de seu corpo agora se fortalecia e alastrava por todas suas terras, dentro de todo seu todo seu vazio se tornava tudo e quanto mais vida a pequena menina sorvia do mundo mais seu vazio crescia a dominava e assim a menina chorou, permitiu-se entregar-se a tudo que a consumia, permitiu sua pele sorver cada lágrima que despejava no mundo cinzento em seus braços, permitiu sua terra sorver-lhe a vida de suas lagrimas, permitiu se transformar em vida e os dedos que antes agarravam com toda vivacidade o globo cinzento agora se infiltravam na própria pele, em suas próprias terras, e assim a menina que sorveu pra si toda vida do mundo se tornou ele próprio, consumida cada vez mais por seu vazio preencheu-o com suas lagrimas e entregou-se despencando infinitamente por seus ares.