Sabe, teus demônios também são meus, reconheci teus medos mesmo antes de te conhecer, sei exatamente onde dói e isso da medo; Sabe, você é tão estragado quando eu.
Em tão pouca vida acumulei os mesmos, ou até mais, medos que você. Sou assim medrosa mas sem medir meus passos no mundo, apavorada e sem nunca ter tido medo do escuro, olha pra cá e você vai ver que todos teus temores andam aqui dentro de mim, que em certo ponto sou assim, tão parecida contigo... também morro de medo de viver.
Não guardo os clichês de sempre no peito, não couberam na verdade, é tanto medo da vida que esqueci de guardar espaço pra ter medo da morte; Sabe, você nem existe ainda direito mas já me deu medo, me reconhecer assim tão dentro dos teus olhos assusta e por pouco que não corri pra longe.
As vezes é mais fácil correr dos nossos medos não é? Mas chega uma hora que cansa, me diz, você já cansou de correr? Porque eu acho que não.
Já tentei fugir da vida e das pessoas que ela insiste em jogar a esmo nas mesmas garras em que me segura, mas as vezes chega um ponto em que não da mais pra se esconder, ela já reconhece as minhas máscaras tão facilmente quanto eu descobri as tuas, é fácil identificar quando são máscaras que escondem o mesmo medo, o mesmo pavor de ficar vulnerável a tudo que pode no fim machucar mais a alma do que o corpo em si.
Não sei mais se quero correr da vida mas sei que não quero lidar com tudo que ela causa em mim, quem sabe no dia que você resolver parar de correr as nossas máscaras não caiam e ai... ai quem sabe se nosso medo não se torna coragem pra enfrentar aquilo que nos causa tanto medo.
Nós mesmos.