Sabe menino, eu tenho essa mania de carinho, esse quê de dar conforto e sentir o sangue aquietando embaixo da tua pele pela ponta dos meus dedos, tenho isso de querer deitar no teu colo e passar meu corpo em volta do teu só pra sentir teu cheiro, tua textura, sabe menino, as vezes me da uma vontade louca de entrelaçar minhas pernas às tuas, sentir tuas mãos passando pelas minhas costas, teus lábios pousados no topo da minha cabeça enquanto eu tento dormir encaixada no vão do teu pescoço, ter teu corpo assim tão perto do meu menino é tão bonito que parece até poesia.
E como adoro fazer-lhe poesia, faço com o corpo, minhas rimas com a boca encostada na tua, declamo sonetos aos teus ouvidos e dispo-lhe de toda métrica, sou um erro gramatical ressoando em teus ouvidos, uma virgula fora de lugar, mundanamente imperfeita porém com alma de poeta.
Sabe menino, não quero lhe assustar, nenhuma destas palavras é mais forte do que o meu olhar, são partes de mim que aos poucos você vai decifrando, juntando os pedaços que ficaram rasgados por ai, desculpe talvez por escrevê-las, mas sabe o que é menino? Elas são mais fortes do que eu.
Redescobri a força das minhas palavras a tão pouco tempo que a maioria ainda chega enferrujada ao papel, redescobri essa minha mania de carinho a tão menos que não sei ainda como é meu modus operandi, vai ter que aprender a mexer neste teu brinquedo quebrado. Mas sabe o que é? Nem todos meus carinhos vem do toque, alguns chegam em palavras assim como este, que no fim é só mais um carinho pra ti enquanto não posso te trazer no colo pra deixar do lado de fora da porta todos os problemas que lhe montam o pescoço diariamente. Então deita aqui menino, me aconchega nos teus braços e me beija a pele, me deixa ser, fazer e me (re)descobrir carinho.